do medo de se jogar

Valquíria sentia-se só, mesmo com o namorado mais foda do mundo. Mais foda na visão dos outros, pois haviam falhas que ela não conseguia consertar. Ela sorria, segurava o ciúme, a vontade de sair sozinha e de beber vodca no gargalo. Arrumava o cabelo, comprava lingerie, fazia depilação e até tentava emagrecer. Era daquelas que se permitia viver, mesmo quando o que mais desejava era se fechar a todo custo.



O rapaz era de outra cidade. Formado, autônomo, morava com os pais. Não conhecia metade do mundo de Valquíria – e o que conhecia, repudiava – mas não dizia. Mostrava até um certo interesse em fazer parte daquilo tudo, mas morria de medo de soltar as amarras e pular.



Ela tentava se comportar pro amor não morrer. Ele segurava o amor pra não morrer de medo. Os dois se amavam mas não viviam o amor, fingiam felicidade e dormiam em lágrimas.

- E se ele não se jogar?
- Vai faltar paciência?
- Vai sumir da vida dele?
- Não sei fugir do amor.
- Então segura as amarras e acalma o coração.

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