- Feliz por ser você no outro lado da linha. Ouvir a sua voz é sempre um alívio.
- (...)
- O que você disse?
- (...)
E desligou. Tu, tu, tu...Esperava por isso há semanas. Só não imaginava um final tão triste.
Aconteceu numa quinta-feira chuvosa.
Ela andava num estado de nervos que mal dá pra explicar. Ele andava pela rua com passos lentos e leves, e um singelo sorriso no rosto.
Naquele dia, ela resolveu que suas madeixas claras tornar-se-iam negras. Comprou um vestido, botas e uma bolsa para combinar com seu novo estilo. Queria ouvir aquela voz, a única capaz de acalmar seus ânimos e deletar de vez a sensação de quase-morte.
Foi até o bar, pediu uma dose de conhaque. O telefone toca.
- Alô? Lembra de mim?
- Esperei sua ligação por dias. Cadê você?
- Estou aqui, como sempre. Como você está?
- Feliz por ser você no outro lado da linha. Ouvir a sua voz é sempre um alívio.
- (...)
- O que você disse?
- (...)
Desligou.
Ela nunca mais sentiu seu corpo quente, não ouvia vozes, não inventava cenas nem poemas. Parou de viver.
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