(Ensaiando a) Carta de Demissão

Falta muito para eu ir embora. Minha cabeça dói, meu corpo pede descanso. Quero correr, sorrir, agilizar as coisas, mas aqui, tudo continua parado, quadrado e cheio de egoísmo.
Quando cheguei, imaginei estar prestes a entrar no mundo dos sonhos.
 Até agora, só provei decepção e processos que não precisam ser burocráticos. Quando comento com alguém, o que escuto é um belo e sonoro “paciência”, e nada mais.
Aqui, minhas intenções e idéias de nada valem, elas sequer são estudadas, não recebem atenção. O que precisam aqui? Pessoas dispostas a permanecerem parasitas, sem vontade de questionar, sem iniciativa, para que nada mude. Querem meu cérebro atrofiado, meu sangue escuro, minha alma vendida.
E dói saber que, por hora, só posso lamentar, nada mais.

Prefiro o olho da rua a fingir que exerço minha profissão.

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