to-do list


-       fazer compras
-       botar o lixo pra fora
-       devolver aquele livro na biblioteca
-       deixar você.


Mariana acordou decidida, dessa vez era ela que teria o controle da situação. Dividia o apartamento com um cara que conhecera há pouco tempo, mas que devastara seu coração.


Ele era pacato até demais, às vezes fazia ela morrer de tédio. Embora calmo e reservado, era uma boa pessoa, de bom papo e boa aparência.

Ela era popular, escritora, poeta, tatuada. Poucos amigos, mas muitos à sua volta que admiravam seu modo de vida. Gostava de festas, de conversas de bar, de música, shows e confidências. Aventureira sem igual, mergulhava em paixões intensas de pouca duração e agora não sabia como agir.

Olhava para a lista de tarefas. Pegou a chave e saiu rumo ao mercado. Tomates, frutas e um vinho que, embora ele repudiasse, hoje ela beberia para desentalar o nó da garganta que há tempos estava lá.

Esqueceu lixo. “Caralho, mais uma semana entulhando essa merda!”. Correu para a biblioteca e resolveu renovar o empréstimo – livros são os melhores amigos nessas horas.

Para criar coragem, desceu a Augusta. Pediu conhaque, uma dose de tequila e três cigarros. Chorou de um jeito desesperador, um medo que veio de não sei onde, uma raiva de não sei quem, mas que causaram um vendaval em seus pensamentos.

Quando chegou toda cambaleando pelas escadas, ele não estava. Era mais um dia de trabalho que perdera, mais uma gota de paciência que pingara. Deitou e dormiu sozinha, de costas para o que poderia ter sido se ele estivesse ali quando ela mais precisou.

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