Tão-clichê


Antes fosse você me trazendo flores. Antes fosse.
Acordei num sábado chuvoso com a campainha. Tocava, tocava, tocava. Não vê que não estou? Não vê.
Vesti qualquer coisa, amarrei os cabelos, atendi a porta. Flores na porta, flores e frutas. Flores pra mim? Flores!
Eram rubras, roxas, secas. Eram flores pra mim. Flores.
No cartão tinha um nome. Não o seu. Não era Luís, nem José, muito menos Rafael. Era um nome diferente, e não era você. O nome? Não lembro, rasguei o cartão, joguei pela janela, preferi esquecer.
Pra ele não voltar, não dizer que me ama, nem olhar em meus olhos.
Chega de olhares que não esqueço, são muitos os olhos que me perseguem. Menos os seus. Suas flores não chegam, você é tão clichê dizendo não gostar de clichês. Sem amores, mãos dadas, bilhetes sem sentido, datas comemoradas, declarações surpresa, fotos, lágrimas e pétalas. Seu amor é mais clichê que as flores que recebi num sábado chuvoso.

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