muralha etílica

Catarina estava cansada de ver a chuva cair, cansada de inviabilizar sua vontade de viver. Acordou com o coração na boca, vermelha de raiva e cheia das palavras escritas em um post-it – ela sabe que sempre serão apenas palavras escritas e nunca ações.

Acordou cedo, trabalho arrastada, chorou por dentro o tempo todo, mas sorriu para cada pessoa que vinha conversar com ela. A tristeza é minha, não vale a pena dividir.

Quatro horas, quatro e quinze, seis.

Desligou o computador, arrumou a mesa, se maquiou como há tempos não fazia. Parou no primeiro bar, bem longe de tudo. Pediu uma dose de qualquer coisa e chorou até derreter todos os seus medos naquela dose etílica de coragem e camuflagem. Ficou parada, mas agora ela respira com mais calma. Agora está armada com 40% de teor alcoolico dourado. Não usou o limão. Pagou a conta e decidiu disfarçar quem era.

Nenhum comentário: