A fuga N°3

No meio da ponte, ele teve a oportunidade de pular. As amarras estavam firmes, a equipe de segurança ao seu lado dando-lhe a oportunidade de fazer diferente. Ele poderia pular de olhos fechados, sentir o vento percorrer seus poros e sua audição diminuir, devido a velocidade da queda. No final, ele saberia
que não cairia no chão, mas teve medo de chegar bem perto da morte.
Teve medo de abrir a cabeça. Teve medo de saber o que existe do lado de lá.
O medo cegou todas as visões que ele poderia ter. Ao vê-lo apavorado e fugindo do próprio destino, o medo gargalhou. Ele teve ainda mais medo e ainda não voltou para sua aula de queda-livre. Faltou coragem, faltou iniciativa, faltou perder o medo por aí.
Agora ele não sabe se pode voltar, e tem tanto medo que nem perguntou se ainda pode.

- Mas um dia ele volta.
- Nada. Ele fugiu
- Vai saber. Acho que é você a fugitiva.
- Não sei. Será?

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