Chuva que demora

Não passou um dia de sua vida que ela não lembrasse do sal daquela lágrima. De cada folha, cada traço e curva. Não passou um dia que ela não lembrava da chuva e sorria. Aquela tormenta que passou foi especial demais para passar batido. Enquanto ela ia embora, o amor gritava dentro das grades (ele gritou em todas as partidas). Hoje mais calmo, sente apenas saudade de momentos que não voltam. O barulho da goteira, o molho de pimentão, as moedas para a volta, a eterna conquista. Era um carinho, um amor ingênuo e solitário. Um querer bem que caminhou até não ter mais força.  Não viveria tudo de novo, foi sofrido demais. Talvez se o roteiro fosse controlável eu teria mudado algumas falas e diminuído os atos. Teria me deixado no papel protagonista e saído de cena antes do aplauso emocionado de uma plateia fantasma.

Sempre te quis bem. E continuo querendo. Bem. Mas longe da minha história.

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